Ao se aproximar do palácio de Cardoso IV ficou de novo assombrado com o fausto, a construção suspensa sobre a baía de Guanabara em forma de lente era invisível tanto de cima quanto de baixo, só ao se aproximar, a menos de quinhentos metros, ele ficava visível em toda sua majestade e seu tamanho. Em seguida conectou-se com o edifício e entrou pelos corredores, de onde se podia ver a baía e a belíssima cidade.
Não havia tempo para o prazer, tinha de chegar no horário da reunião do Conselho da Provedoria do setor quarenta e sete. Eram muito raras as reuniões pessoais como ele tinha convocado. Só quando era necessária a presença da inteligência e sensibilidade de um grande número de pessoas ao mesmo tempo, para julgar a quantidade e a qualidade dos recursos que uma situação exigia.
Ela se dirigiu à cadeira do solicitante enquanto as pessoas terminavam de se acomodar entre as últimas conversas e alguns risos, porque, apesar de formal, era uma ocasião festiva permitindo que se vissem pessoas que não se encontravam pessoalmente.
Quando se fez o silêncio ele levantou a voz:
— Venho de Dante.
Um arrepio de horror percorreu a plateia e num princípio de tumulto, alguém gritou:
— Interditado! Continuar lendo
André Gaiarsa 